Semana mais movimentada. Já entraram em cartaz, de repente, Na Encruzilhada (Up the Junction), protagonizado por Suzy Kendall e dirigido por Peter Collinson, abordando Inglaterra & juventude, e O Heróico Lôbo do Mar (The Rover), dirigido por Terence Young, com Anthony Quinn, Rossana Schiaffino, Rita Hayworth, com entrecho desenrolado durante a época da Revolução Francesa. Todavia, as maiores esperanças correrão por conta de A Décima Vítima, cuja história se passa no Século XXI, dirigido por Elio Petri, protagonizado por Marcelo Mastroiani e Ursula Andres, e que já foi pré-estréia por ocasião do Simpósio de Science Fiction do II Festival Internacional do Filme, e Desejo Insaciável, exercício de neurose e erotismo dirigido pelo romancista Romain Gary e estrelado por sua mulher, Jean Seberg, acompanhada de Mourice Ronet e os veteranos Pierre Brasseur e Daniélle Darrieux. Existem ainda fumaças em tôrno de Estratégia do Terror, filme de Jack Smight, a girar em tôrno do plano para um atentado político.
Além dêstes, teremos o lançamento de O Mago, exoterismo psico-renaisiano, rodado na Grécia, com um bric-à-brac de sortilégios fantasmagóricos comandados pelo incansável Anthony Quinn. Estréia também uma correria brasileira de cangaceiros, Deu a Louca no Cangaço e, para os sexaficcionados, haverá Os Prazeres do Mundo, com números musicais entremeados de strip-teases (não se sabe se ousados, pra valer, ou daqueles que terminam antes de cair tudo - o que pode também depender dos humores da censura).
Enfim, a partir de 5a.-feira, no Paissandu, haverá um Grande Concêrto Sinfônico de Cinema, assim chamado, constante de 7 fitas de Godard (uma por dia), tôdas como relançamento (onde está Week-End?), promovido pela Cinemateca do Museu de Arte Moderna, a Air France e a Companhia Cinematográfica Franco-Brasileira, que, por seu turno, acaba de criar uma iniciativa original, ou seja, concurso entre jornalistas a fim de ver quem oferecerá o melhor título em português para a fita francesa (a ser exibida em sessão para a Imprensa no dia 26, às 10h30min, no Ópera): Il Faut Pas Prendre Les Enfants du Bon Dieu Pour des Canards Sauvages. O melhor título, a ser julgado por uma comissão de críticos de cinema, acarretará ao seu criador o prêmio de mil cruzeiros novos. Na referida sessão somente poderão entrar críticos e jornalistas de outras categorias, mediante identificação profissional.

A DÉCIMA VÍTIMA
(The Tenth Victim)

Mastroiani, Ursula e Elsa Martinelli ·envolvidos em SF, cuja trama se verifica no próximo século, quando, então, havendo terminado as guerras, matar tornara-se um esporte individual, permitido. Há também um prêmio para quem matar dez, o móvel de Ursula Andress (como sempre loura e linda). Fotografia em côres de Gianni di Venanzo, realização de Elio Petri, um bom cineasta da penúltima safra italiana. Amanhã, no Art-Palácio Copacabana, empurrando a Repulsa ao Sexo, de Polanski para os Arts da Tijuca, Méier e Madureira.

DESEJO INSACIÁVEL
(Birds in Peru)

O romancista Romain Gary, que já teve outras obras suas filmadas por cineastas como Huston ou Dassin, resolveu estrear como diretor, através de uma adaptação cinematográfica que fêz de um conto seu. Fornece a primeira e grande oportunidade erótica para a sua mulher, Jean Seberg, cuja imagem como atriz, até então, referia-se a coisas mais pacatas. O conteúdo é superpsicológico: a frigidez feminina, ou a esquizofrenia, que, na hipótese de Repulsion, levou ao homicídio e, aqui, leva a protagonista a algo mais comunicativo, como a ninfomania. Amanhã, no Capri e no Comodoro.

ESTRATÉGIA no TERROR
(Strategy of Terror)

Uma jornalista e um detetive (Barbara Rush e Hugh O'Brien) tentam impedir o assassínio de um subsecretário da ONU. Trata-se de fita baseada na produção de televisão, ln Darkness, Waiting, dirigida por Jack Smight e com roteiro de Robert L. Joseph. Produção aparentemente cuidada, talvez haja resultado numa obra, pelo menos assitível. Amanhã, no Capitólio.

O MAGO
(The Magus)

O diretor Guy Green saiu de realizações mais simples e menos cerebrais e caiu numa esparrela de sortilégios. Um all-star cast comandado por Anthony Quinn, como sempre zorbeando à frente das câmaras, acompanhado por Michael Caine (que, geralmente, só vale de óculos, como o espião Palmer), Ana Karina e a bela Candice Bergen. O filme é um caracol de sonhos e flashes-backs, com uma ou outra cena mais instigante. Amanhã, no Palácio.

DEU A LOUCA NO CANGAÇO

Filme nacional dirigido por Nelson Teixeira Mendes, parece que uma sátira em tôrno do cangaço. Poucas referências, escassas esperanças. A censura é livre, e dá a entender que a correria é recomendável para as crianças. Amanhã, por causa do formalismo do 8x1, ocupando as salas do Plaza; Olinda, Mascote, Ricamar, Condor Copacabana e muitos outros.

OS PRAZERES DO MUNDO
(Sexy Nudo)

Strip-teases & números musicais, êstes enchendo linguiça, e, segundo a sinopse, em tôdas as partes do mundo. Tudo em eastmancolor e supertotalscope. Há sempre público para êsse gênero e aí está mesmo, perto da Cinelândia, o tradicional Cineac. Amanhã no Império; dia 23, no Pirajá e Coliseu.

Correio da Manhã
20/04/1969