Apesar da concentração das atenções sôbre o II FIF, os exibidores resolveram lançar um quilo de fitas, algumas, provavelmente, do maior interêsse. Assim é queteremos mais um filme dirigido e interpretado por Jerry Lewis, Um Golpe das Arábias, e o bem elogiado Samson (com o pós-título, A Fôrça contra o ódio), dirigido pelo polonês Andrzej Wajda (que, aliás, está aqui no Rio, como membro do Júri de longa-metragem do II FIF).
Esta a linha de frente. No recheio figuram o filme inglês Vertigem - que nada tem a ver com o antológico Vertigo e é, sim, uma realização inócua de Bryan Forbes - novamente Marcello Mastroiani, agora numa produção de Cario Ponti, chamada Brinquedo Louco, uma outra adaptação de policial de Agatha Christie, Crime Sôbre Crime, com Margaret Rutheford, como a detetive Miss Marple, Os Fora da Lei do Matrimônio, co-produção ítalo-francesa, com seis histórias e três diretores, mais dois westerns italianos e dois filmes japonêses, além da permanência de Os Sete Samurais, que continua envelhecendo cinematogràficamente e faturando financeiramente.
Um Golpe das Arábias (Don't Raise the Bridge, Lower the River).
Jerry Lewis foi a maior revelação da comédia cinematográfica, depois de Jacques Tati. Já criou duas, antológicas: The Ladies Man e The Nutty Professor. Dessa vez o cenário é Londres e é fácil imaginar o que Jerry (ator e diretor) pode fazer com a gravidade e as excentricidades britânicas. Contracena com êle uma outra (parece) descoberta feminina sua, Jacqueline Pearce. O roteiro é de Max Wilk, baseado em sua própria novela. É um dos favoritos da semana, segunda-feira, no São Luís, esperando todos que a projeção, afinal, esteja boa e nunca fora de foco.
Samson - A Fôrça Contra o Ódio
(Sainson)
Andrzej Wajda ainda é um dos melhores cineastas polonêses - é só recordar Kanal e, principalmente, Cinzas e Diamantes. Ou mesmo, o seu episódio de Amor aos Vinte Anos. O cinema polonês também ainda é, até agora, o mais arejado da Cortina de Ferro, sem exibir quase nada do burguesismo compulsivo das fitas soviéticas. O filme desenrola-se durante a Segunda Guerra Mundial, com as perseguições ánti-semitas. Protagonizado por Serge Merlin, foi bastante elogiado lá fora. Dia 27, no Paissandu, com a presença do próprio diretor.
Vertigem
(Deadfall)
Realização escrita e dirigida por Bryan Forbes, que mistura assaltos, concertos sinfônicos, tragédia e pederastia. Não há nexo nem razão de ser para a produção, tirante uma ou outra cima curiosa. Fe (Giovana Ralli) é casada com Moreau (Eric Portman), homossexual jactante - conhece Clarke (Michael "Palmer" Caine) e tornam-se amantes, com o apoio do marido - todos os três são refinados ladrões de jóias - depois do êxito de um roubo, seguem para fora, com mais um rapazola esguio recolhido por Moreau. Tudo isso muito civilizado, neste quase ménage à quatre, porém, confuso e dispersivo. Segunda-feira em circuito puxado pelo Palácio.
Brinquedo Louco
(Break-Up)
Carlo Ponti produziu, Marco Ferreri dirigiu, Mastroianni interpretou. A fórmula talvez resulte razoável em têrmos comerciais. Milão - a São Paulo escura da Itália - um industrial, invejado, noivo e rico, acaba sofrendo crise de nervos após algumas experiências amorosas. A contingência é atual, o fotógrafo Aldo Tonti é veteraníssimo. As promessas do espetáculo são relativas. Dia 27, no Metro Tijuca, Pathé, Paratodos, Ricamar, Drive ln, Mauá & Cia.
Crime Sôbre Crime
(Murder Muast Foul)
Agatha Christie é uma das melhores autoras de histórias policiais. O filme policial, por seu turno, desde que bem adaptado e razoavelmente dirigido, sempre encontra público certo para digeri-lo. Margaret Rutherford volta a encarnar pitorescamente a detetive Miss Marple. O cineasta responsável é George Pollock, da linha feijão com arroz de Hollywood, isto é, capaz de cumprir o riscado sem maiores desatinos.
Dia 27, só no Pax.
Os Fora-da-Lei do Matrimônio
(I Fuorilegge del Matrimonio)
Seis histórias com três diretores, explorando a vida conjugal. Não nos lembramos de alguma coisa já feita por Valentino Orsini e Paolo e Vittorio Taviani. Ugo Tognazzi conseguiu notoriedade, mormente encarnando aquêle cornuto eufórico de Marina Vlady. Para animar um pouco, a censura proibiu a fita até 18 anos. Dia 27, no ópera e Tijuca-Palace.
A Guerra dos Monstros
(Kaiju Dai Senso)
Ficção nipo-científica, com um satélite de Júpiter ameaçando a Terra. A fita promete ser interessante, pois o diretor é Inoshiro Rondo, autor de uma ou outra realização boa no gênero. Mas o lançamento, programado para amanhã, será apenas nos Art Palácio do Méier e de Madureira.
O Dia Mais Longo do Japão
(Nippori no lchiban Nagai Hi)
O diretor é Kiashi Okamoto. No elenco está o simpático veterano Takashi Shimura, além de Toshio Kurosawa e , Keiji Kobayashi (que não sabemos se são parentes dos excelentes cineastas do mesmo nome). O assunto é a bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki. Pode ser bom. Amanhã no Art Palácio Tijuca.
Reze a Deus... E Cave a sua Sepultura
Mais um western italiano. A smopse não faz referência ao título original. Há uma atriz chamada Selvaggia. Amanhã, em circuito encabeçado pelo Asteca e pelo Flórida.
Uma Winchester entre Mil
(Killer Adiós)
Outro western italiano. A curiosidade é a presença da veterana Paola Barbara, no elenco, a cortesã dos filmes históricos italianos das décadas de 30 e 40. Deve estar matroníssima. Co-produção ítalo-espanhola, amanhã, no Condor Copacabana, Plaza, Olinda e Mascote.
Pistoleiros do Arizona
(Arizona Bushwhackers)
Lesley Selander é talvez o último no ranking list dos diretores americanos. Mesmo assim, um western dirigido por êle deve valer mais do que os italianos. No elenco, um museu de veteranos: Ivonne De Carlo, Howard Keel, John Ireland, Marilyn Maxwell, Brian Donlevy. Ignora-se como. Ainda se conseguiu reunir essa gente. Amanhã, para quem quiser enfrentar o São José, na Praça Tiradentes.
Correio da Manhã
23/03/1969