Se nada mais fôr lançado...
Se nada mais fôr lançado, derepente, a semana promete muito pouco. Dirigida por Wilson Silva, teremos a produção nacional Enfim Sós... Com o Outro, aparentemente um espetáculo leve e despretensioso, razoavelmente administrado, com muitas mulheres de biquíni ou despidas (se a Censura histérica deixar). Quanto ao mais, o ex-bom diretor Edward Dmytryk, também ex-"subversivo" (Crossfire), reaparece filmando mais um enrêdo de guerra com Bob Mitchum na proa; a Metro anuncia mais uma fita interplanetária (War Of the Planets), decorrida no ano 2000 (infelizmente não é outro 2001); Carmen Sevilla (aquela das Violetas Imperiais) retorna a Caminho do Rocio acossada pelo insaciável Francisco Rabal; Stanley Baker - antigamente, uma das figuras preferidas dos requintes homobarroco-sexuais de Joseph Losey também de volta numa intriga policial comandada pelo (para nós) ilustre desconhecido Peter Yates, Os 26 do Expresso Postal; o agora incansável Mark Damon dispara as pistolas em nôvo western italiano dirigido por um tal de George Lincoln (pseudônimo na certa), enquanto a mafia ataca pela milionésima vez em A Serviço do Crime, protagonizada por Don Murray e Inger Stevens. E, desta vez, Sete Noivas para Sete Irmãos (um dos melhores metro-musicais) vem mesmo, "em definitivo", em 70 milímetros, como única e, desejada, reprise.
ENFIM SÓS... COM O OUTRO
Augusto Cezar, egresso das chanchadas, televisão e teatro de revista, num duplo papel: irmãos gêmeos. Daí, quiproquós, correrias, um samba a ser promovido, tudo no conhecido espírito da casa. A produção, no entanto, aparentemente é cuidada, enquanto as mulheres reforçam a recreação (Leila Santos, Rossana Ghessa, Lucy Rangel e, especialmente, é claro, Annik Malvil, que, ao estrear em Os Vencidos, fêz um strip-tease radical e definitivo), embora sob a imponente alça de mira das orelhas vitonásnicas de certos sensores. Amanhã no São Luiz, Odeon, Madrid e Santa Alice (Horus Filmes).
CAMINHO DO ROCIO
(Camino dei Rocio)
Carmen Sevilla é bem conhecida. Rabal é, hoje, figura fácil de vários estúdios internacionais. Rafael Gil dirige muito. O roteiro baseia-se na novela de Alejandro Pérez Lugin, A Virgem do Rocio já entrou em Triana. A idéia de uma virgem rociada é fogo, mormente para o salutar neopaganismo. Mas anuncia-se que o seu feitiço, além dos mais belos sonhos, "despertava os mais baixos sentimentos" (o que também é fogo). Tudo em eastmancolor, numa produção distribuída pela Paramount, com censura livre (o que já desencoraja os espectadores menos destemidos). Amanhã, só no Ricamar.
OS 26 DO EXPRESSO POSTAL
(Robbery)
Bandidos atacam e fazem seu QG num antigo quartel subterrâneo da RAF. Stanley Baker, além da astro, o produtor, deve ser o chefe, felizardo, que fugiu para a Suíça, com a mulher (pelo visto, interpretada por Joanna Pettet). Não existem indícios muito animadores, embora, por seu turno, não sejam flagrantemente desabonadores. O diretor Peter Yates também colaborou no roteiro. Fita em côres, amanhã no Condor-Copacabana (Condor-Filmes).
O CHOQUE DOS PLANETAS
(War ofthe Planets)
Seience-fiction anglo-italiano, dirigido por Anthony Dawson. Ano 2.000: herói, o tenente Dubois. O mais curioso no entanto são os diafanóides, formas incorpóreas de inteligência superior, moradores de Marte. São mais do que partículas luminosas, que chegam a levar os sêres humanos à loucura. Mas há um general que chega, comandando uma frota terrestre, e liquida com os marcianos abstratos e voltam todos para a Terra. Possivelmente um filme interessante, esta produção da Mercury Intemational e Southem Cross. Quinta-feira nos Metros Copacabana e Tijuca, Pathé, Pax, Lagoa Drive ln, Mauá e Paratodos (Metro).
A SERVIÇO DO CRIME
(The Borgia Stick)
Sob a direção de David Lowell Rich (do qual não nos lembramos de nada feito anteriormente), uma mistura de máfia, sexo, entorpecentes, crimes, demiurgia e uma bengala dos Borgia. Don Murray já encontrou melhor destino, como ator de fitas como Tempestade Sôbre Washington; Inger Stenvens, sueca radicada em Hollywood, estêve há pouco entre Os lmpiedosos. No mais, estamos diante da magra possibilidade de uma diversão, a ser oferecida, a partir de amanhã, no Capitólio (Universal).
A BATALHA DE ANZIO (Anzio)
Fim da Segunda Grande Guerra - local: Itália; e as coisas se desenvolvem a partir do desembargue aliado nas praias de Anzio. Artilharia, escaramuças, heroísmo, sempre com aquela fisionomia enxaquética de Robert Mitchum, num elenco onde ainda surgem Peter Falk, Anthony Steel, Earl Holliman e, como astro convidado, Arthur Kennedy. O diretor Edward Dmytryk já nos deu alguns filmes entre o ótimo e o razoável. Depois, começou a pifar. Aqui, sendo Dino De Laurentiis o produtor, pode-ser que se tenha movimentado com mais gôsto. O filme está anunciado para o cinema Roxi, "a seguir'' (quando A Estrêla também pifar em matéria de atração pública), o que pode ser a qualquer dia e a qualquer hora, "de repente, não mais que de repente". (Columbia)
A MORTE NÃO CONTA OS DÓLARES
(La Morte non Conto i Dollari)
Tiroteios, vingança peia morte de um tal major White. A produção é em eastmancolor-cromoscope-tecnostampa, o que, pelo visto, aumentará a salada normal dos westerns italianos. À frente do elenco, Mark Damon. Desde amanhã no Flórida, Azteca e nos Art-Palácio de Tijuca, Madureira e
Méier.
SETE NOIVAS PARA SETE IRMÃOS
(Seven Brides for Seven Brothers)
Já anunciada a semana passada, entra, enfim, a reprise de um dos melhores musicais da Metro. Direção de Satnley Donen, com a coreografia de Michael Kidd, estrelado por Jane Powell e Howard Keel, agora, no Vitória, em adaptação a 70 milímetros (Metro).
Correio da Manhã
17/11/1968