O relançamento da novela das 10 horas, através de Eu Prometo, promete, aparentemente, os ingredientes de praxe: um entrecho sacudido por diversos quiproquós sentimentais, personagens normais, neuróticos, cínicos, insólitos, enfim tudo regado pela cinegrafia competente e, às vezes audaciosa, que o sistema Globo já nos acostumou. Há sempre uma temática central, espécie de espinha dorsal para onde refluem as tensões e acontecimentos, porém, em muitas ocasiões, de acordo com as tendências e preferências do público e as mudanças de rumo do autor, essa mesma espinha pode ficar flou, flutuar ao sabor de outros assuntos que afloram.
Outra contingência a envolver o lançamento de novelas é que, mediante o aparato publicitário, a maioria dos telespectadores já sabe, de antemão, o que irá acontecer até certa altura. Não terá surpresas básicas, a não ser aquelas que recheiam cenas isoladas. Em suma, até determinada parte, é-nos dada a trajetória dos personagens previamente escalados. Depois... é depois.
Francisco Cuoco, hoje maduro, embora ainda algo duro em matéria de molejos emocionais, é, por enquanto, o personagem central, Lucas Cantomaia (que nome Janete foi buscar!), descendente de fazendeiros que segue carreira política. No primeiro capítulo, tem uma boa cena com Kely (Renée de Vielmond), a fotógrafa que tentou captá-lo em trajes menores - aliás, numa situação até certo ponto não convencional. Esta última, bem mais jovem, promete atravessar a vida conjugal de Lucas e Darlene (Dina Sfat, como sempre boa atriz, mas que não vai bem com o penteado).
Outra boa cena, dramaticamente bem conduzida, é a do reencontro de Justo, irmão de Lucas, que acabara de sair da prisão (Marcos Paulo) e Estela (Nina de Pádua). Ao final desse 19 capítulo, Justo irá exatamente atirar uma pedra através da janela e que atingirá o irmão na cabeceira de um pequeno banquete. É isso aí. Quanto à apresentação, títulos cortes, a maioria das imagens em preto-e-branco não é das melhores.
Última Hora
21/09/1983