A que foi alegria - desvario em meu tormento
mais receosa não se reviu passar desfigurada
pela vida plena e sonora como um fruto
escrutando a preguiço do solo
o sol lambia os corpos lentos e lassos
sombra alguma perturbou as suas idas e vindas
moles como os trapos pendentes das bétulas e as vozes
enfraquecidas, as comes cobertas de encantos calmos
ó mansa marte, ó esperas, ó suspeitas
modeladas no fogo a duras mãos
um dia as árvores, frágeis, sacudir
vão os áridos temores daqui
e a memória não mais verá seu fim
os novos murmúrios erguerão os seus corpos altaneiros
na relva dos mortos
com os carrilhões.
Correio da Manhã
18/08/1958