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Xerloque da Silva

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Doença de cobrador

Entrou na repartição, foi ao balcão e disse: “Trago aqui uma procuração para receber o pagamento de uma fatura.” Respondeu a mocinha: "Vá até o guichê do protocolo." Num mar de guichês vazios, lá estava o do protocolo, alimentando uma fila de cêrca de 50 pessoas. Entrou nela e, depois de uma hora, caiu diante do funcionário. Ele olhou e reolhou o papel, olhou para a cara dêle e, com visível mau humor, carimbou a procuração e carimbou um cartão, que lhe entregou. Indaga: "E agora?" "Passe daqui a uma semana." " Mas por que tanto tempo?" O funcionário nem lhe deu bola e gritou: ''Outro, outro."
Uma semana depois varejou salas, corredores e andares em busca da seção onde estaria o papel. Ninguém sabia. Foi ao guichê de informações e explicou, ofegante, o seu caso: "Escuta, meu amigo, tenho uma fatura de 2 bilhões para receber em nome do meu sócio, preciso dêsse dinheiro para efetuar o pagamento de contas vencidas e a minha procuração está girando aqui há uma semana - se não receber até amanhã, estou perdido." O homem de uniforme mandou-o esperar, chamou um continuo e rabiscou qualquer coisa num pedaço de papel. O contínuo saiu e voltou cêrca de 40 minutos depois, sussurrando algo no ouvido do homem de uniforme. Este, incontinenti, dá a preciosa informação: "O seu processo está na seção financeira." Saltou aliviado: "Vou lá agora." "Não adianta, porque todo o pessoal está em regime de tempo integral e, até as duas horas - é intervalo para o almôço." Depois de aguardar estoicamente até o relógio marcar duas horas, subiu a jato a escada. Entrou na seção financeira e explicou o problema. Uma mulher, remexeu o livro de entrada e saída e disse: "Não está com carga para aqui." "Mas como?" "Passe bem." Disparou escadas abaixo, atingiu o guichê de informações, repetiu-se a mesma operação e, desta vez, o contínuo apareceu falando alto: “Está na Procuradoria." Entrou na Procuradoria e lhe informaram: "Já estêve aqui, foi despachado com parecer favorável." "Onde está?" "Deve estar com o diretor para dar o deferimento." Correu até o gabinete do diretor, sentiu o impacto do ar refrigerado na camisa empapada de suor e falou com a secretária. "O senhor sente-se e aguarde, pois tem pessoas na sua frente." Eram seis horas, quando ela voltou-se para êle e disse: "O expediente está encerrado, só amanhã.'' Pânico, desespêro: ainda amanhã, amanhã. No dia seguinte, foi o primeiro a chegar: "Negativo", disse a secretária, "o diretor viajou para o Estado do Rio a fim de participar no XXIII Simpósio da Reforma Administrativa". Ficou pálido e sentiu, o enfarte perto.

Correio da Manhã
02/04/1969

 
Fiscal fisgado
Correio da Manhã 14/01/1969

A mesma ilha
Correio da Manhã 15/01/1969

Bonnie sem Clyde
Correio da Manhã 16/01/1969

Imersão geral
Correio da Manhã 17/01/1969

Sinuca sangrenta
Correio da Manhã 18/01/1969

O homem-fome
Correio da Manhã 19/01/1969

Crime numa nota só
Correio da Manhã 22/01/1969

A receita do seu Zezé
Correio da Manhã 23/01/1969

A luta conjugal
Correio da Manhã 24/01/1969

O mistério do professor vermelho
Correio da Manhã 25/01/1969

Teatro Leve
Correio da Manhã 26/01/1969

O transplante
Correio da Manhã 28/01/1969

Idem idem
Correio da Manhã 29/01/1969

Cadê Zizi
Correio da Manhã 01/02/1969

Barulhinhos
Correio da Manhã 02/02/1969

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