jlg
Xerloque da Silva

  rj  
Tranquilizantes

ATO I
Psicanalista: "Sou torro ouvidos."
Cliente: "Ando neurótico porque estou amando uma linha mulher."
Psicanalista: "Mas como? O senhor tem essa sorte e fica neurótico?"
Cliente: "Pois é, doutor, veja só.''
Psicanalista: "Ou será que ela é que é neurótica e perturba o senhor?"
Cliente: "Bem, ela é um pouquinho neurótica, mas não é esse o problema."
Psicanalista: "Então qual é?"
Cliente: "Ela é bonita, inteligente, dedicada, carinhosa, experiente."
Psicanalista: "Vamos! Ao problema!"
Cliente: "Hoje em dia, nem chega a ser um problema, a rigor, mas trata-se, assim mesmo, de um óbice desagradavel.''
Psicanalista: "E daí?"
Cliente: "Ela é casada, estamos cometendo adultério!'
Psicanalista: "Ora, ora, até aí morreu Neves; e o marido?"
Cliente: "O marido não sabe e outro problema é confessar ou não confessar."
Psicanalista: "Bem, vamos ver na próxima sessão o que se resolve"

ATO II
Cliente: "Como ia dizendo..."
Psicanalista: "Vocês devem dizer ao marido tôda a verdade de uma vez, hoje em dia, o desquite é umfato normal, ninguém se assusta com isso.''
Cliente: "Mas antes queria que o sr. me receitasse ao menos um tranquilizante para nós; não consigo dormir direito pensando no caso."
Psicanalista: "Por quê? O marido é tarado, feroz, desequilibrado?"
Cliente: "Qual nada, uma pluma, mas é uma questão de ética."
Psicanalista: "O sr. conhece pessoalmente o marido? Dão-se bem?"
Cliente: "Conheço sim e até que não desgosto dele - é muito fino."
Psicanalista: "Então rapaz, a ética é esta - dizer-lhe o que ocorre; êle acabará aceitando a realidade. Siga meu conselho e passe bem."

ATO III
Psicanalista: "Alô! E como é então? Não me peça mais tranquilizantes."
Cliente: "Afinal nós decidimos dizer a verdade.''
Psicanalista: "Muito bem, não se sente melhor? Já falou com êle?"
Cliente: "Não, e é por isso que vim aqui.''
Psicanalista: "Como?"
Cliente: "Porque trata-se de sua senhora, doutor; amo-a e ela me ama.''
Psicanalista: "Safado! Safado! Vou matá-lo e já, já!"
Cliente: "Calma doutor, tome aqui um tranquilizante.''

(PANOS QUENTES)

Correio da Manhã
08/03/1969

 
Fiscal fisgado
Correio da Manhã 14/01/1969

A mesma ilha
Correio da Manhã 15/01/1969

Bonnie sem Clyde
Correio da Manhã 16/01/1969

Imersão geral
Correio da Manhã 17/01/1969

Sinuca sangrenta
Correio da Manhã 18/01/1969

O homem-fome
Correio da Manhã 19/01/1969

Crime numa nota só
Correio da Manhã 22/01/1969

A receita do seu Zezé
Correio da Manhã 23/01/1969

A luta conjugal
Correio da Manhã 24/01/1969

O mistério do professor vermelho
Correio da Manhã 25/01/1969

Teatro Leve
Correio da Manhã 26/01/1969

O transplante
Correio da Manhã 28/01/1969

Idem idem
Correio da Manhã 29/01/1969

Cadê Zizi
Correio da Manhã 01/02/1969

Barulhinhos
Correio da Manhã 02/02/1969

84 registros
 
|< <<   1  2  3   >> >|