jlg
Xerloque da Silva

  rj  
O 5º parceiro

Chorou as cartas e disse: ''cinqüenta". Os dois parceiros seguintes passaram e o quarto pagou. Chegou a vez do quinto, que, pausadamente, se manifestou: "vamos com cento e cinqüenta". Hesitou, olhou de nôvo para o seu full de reis e respondeu: "pago". O quarto parceiro não pagou e, então, o outro abriu um full de ases e recolheu o bôlo de fichas. Começou a ficar mais tenso: menos cento e cinqüenta contos e estava jogando duro, sem dinheiro, ali na roda do clube elegante. "Azar gordo", murmurou; e começou a dar as cartas. Nada. Decorridos dez minutos, cai-lhe de mão uma sequencia máxima. Nem hesitou, dobrou a mesa para vinte contos. Mas o quinto parceiro redobrou para quarenta. Acompanhou, colocando mais duas fichas de dez e ficaram os dois, cara a cara. "Feito", anunciou; porém o outro também diz-se feito. Bateu mesa e o adversário apostou cem contos. Sentiu-se obrigado a pagar e entrou bem de nôvo: o outro tinha um four de seis. Suando, ainda foi obrigado a pagar o prêmio. E agora?
Passara, apenas, há um mês a frequentar o clube, exibindo-se de cachecol amarelo e roupas de elegância arrajada. O seu interêsse era de se acercar e pegar os patos no pôquer, confiando em sua ciência. Agora ali estava, e perdendo. Na hora de pagar seria a desmoralização. Além disso, perderia a namorada que estava jogando biriba noutra mesa.
Uma hora depois, estava em plena rodadá de fogo com um prejuízo de cêrca de 500 contos. A mesa estava cheia de fichas, porque ninguém abria o jôgo há quatro mãos. Recebe dois pares e abre com 50 contos. Acompanharam-no o careca e mais o quinto parceiro. Tenta o blefe e exclamei: "feito!" O careca pede uma e o 5º pede duas. Aposta 150 contos: o careca foge e o 5º paga só de trinca, o que deu para ganhar. Geme: "não é possível!" Pediu licença, foi ao toilette e ingeriu um calmante. Depois lavou o rosto e voltou à mesa.
Pouco tempo passou, tinha diante de si uma mesa gorda e uma trinca de damas. Alguém já abrira e êle dobrou a abertura para cem contos. O 5º parceiro replica para duzentos, o abridor e êle são obrigados a acompanhar. O 5º declarou-se servido, o abridor pediu uma e, êle, duas. Suores grossos. Principia a chorar as cartas - tensão - alívio - quadra de damas. O 5º parceiro aposta 600 contos, o outro foge e êle repica; de pronto, para um milhão e 800. O 5º sorri e paga, mostrando uma quadra de ases. Desmaiou num início de rebuliço.
Acorda na delegacia, diante do comissário. "Não era preciso me prender, ia arranjar o dinheiro". "Pode ir, não adianta, dinheiro, vai ser processado como os seus parceiros". "Como-?" "Demos uma batida e pegamos todos". "Ninguém me cobrou, não devo nada a ninguém?" "Só deve contas à Lei e à Justiça)" "Que noite! Que noite!" E beijou o comissário.

Correio da Manhã
13/03/1969

 
Fiscal fisgado
Correio da Manhã 14/01/1969

A mesma ilha
Correio da Manhã 15/01/1969

Bonnie sem Clyde
Correio da Manhã 16/01/1969

Imersão geral
Correio da Manhã 17/01/1969

Sinuca sangrenta
Correio da Manhã 18/01/1969

O homem-fome
Correio da Manhã 19/01/1969

Crime numa nota só
Correio da Manhã 22/01/1969

A receita do seu Zezé
Correio da Manhã 23/01/1969

A luta conjugal
Correio da Manhã 24/01/1969

O mistério do professor vermelho
Correio da Manhã 25/01/1969

Teatro Leve
Correio da Manhã 26/01/1969

O transplante
Correio da Manhã 28/01/1969

Idem idem
Correio da Manhã 29/01/1969

Cadê Zizi
Correio da Manhã 01/02/1969

Barulhinhos
Correio da Manhã 02/02/1969

84 registros
 
|< <<   1  2  3   >> >|