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Xerloque da Silva

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A volta do Dr. Mabuse

O ruído das sirenas foi ouvido tarde demais. A quadrilha dos homens de prêto, com a eficácia de hábito, já havia deixado o banco, levando consigo cem milhões. O gerente e alguns auxiliares estavam sendo desamarrados e desamordaçados por clientes e populares. Era o vigésimo oitavo assalto de uma série impressionante de crimes, que também envolvia raptos e atentados a bomba. No dia seguinte, deu-se o vigésimo nono, Perplexidade. Pânico. Polêmicas. Todos os movimentos obedeciam a uma sincronização que era exemplo da funcionalidade. "Chegam e ser desumanos em sua perfeição", dizia o chefe de Polícia.
Até que, certo dia, o acaso socorreu as autoridades. Um dos carros dos assaltantes, levando dois indivíduos, ao entrar inopinadamente numa rua, mergulhou num buraco da Light, que fôra aberto, enquanto roubavam outro banco. Um dos bandidos escapou, mas o outro foi prêso. "Confessa!", berravam em côro o delegado e assessôres. O bandido havia perdido tôda a frieza e já tremia: "me matam se eu abrir a bôca". "Fale! fale!" - retiniu o berreiro. Enfim, um dia depois, falou: "o chefe é o dr. Mabuse". "Como? o dr. Mabuse entre nós, vivo? não é verdade!" "Juro! Juro!'' "Onde está?" "Nós não o vemos nunca; dá-nos as ordens por detrás de uma potente porta de aço que fecha o seu gabinete; fala através de um microfone instalado nela". "Onde? onde?" "Num palacete na Gávea". Completou fornecendo o nome da rua e número da mansão.
Noite. Gávea. Cricrilar de grilos salpicando o silêncio. A frente de um destacamentó de 50 homens, o delegado, 45 na mão, abriu o portão. Ninguém no caminho, nem sequer um cão policial - só os grilos, salientes. Entraram todos; vararam uma aléia frcmdosa até chegarem à porta. Arrombaram-na com extrema facilidade. Seguiram, pé ante pé, até a sala que daria para a porta de aço. E (respirações suspensas) lá estava ela, luzindo na ambiência de meia-luz. "Renda-se Mabuse", gritou o delegado. Ouviu, via microfone, aquela vozinha parecida com a do presidente do Vasco da Gama: "pois não, pois não, vou abrir a porta". Afastaram-se todos com as armas em riste e a porta de aço abriu-se calmamente. Entraram todos correndo e ela fechava-se rápido. "Meu Deus!", gritou o delegado. No lugar de onde vinha a voz, em vez de alguém, estava um imenso cérebro eletrônico. Tinha quatro olhos, um em ctada parede. Vozinha: "rendam-se os senhores, ponham as armas no chão, senão abro o assoalho de fundo falso morrerão num ninho de cascavéis''. Obedeceram. “Qual é seu objetivo, Mabuse?", indagou o delegado. "Ocupar a Amazônia". Subito, estourou uma tempestade de raios e trovões - escuridão - faíscas elétricas bombardearam a parafernáliá. "Úi! ui!", gemia o cérebro. Os quatro olhos haviam pifado, estavam quase que apagados. "Êle está grogue", gritou um policial. "Mandem brasa!"- berrou o delegado. E o ruido da fuzilaria foi tão violento que abafou o próprio temporal.

Correio da Manhã
14/03/1969

 
Fiscal fisgado
Correio da Manhã 14/01/1969

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Correio da Manhã 15/01/1969

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Correio da Manhã 16/01/1969

Imersão geral
Correio da Manhã 17/01/1969

Sinuca sangrenta
Correio da Manhã 18/01/1969

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Correio da Manhã 19/01/1969

Crime numa nota só
Correio da Manhã 22/01/1969

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Correio da Manhã 23/01/1969

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Correio da Manhã 24/01/1969

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Correio da Manhã 25/01/1969

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Correio da Manhã 26/01/1969

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Correio da Manhã 28/01/1969

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Correio da Manhã 29/01/1969

Cadê Zizi
Correio da Manhã 01/02/1969

Barulhinhos
Correio da Manhã 02/02/1969

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