jlg
literatura

  rj  
Signos em Rotação

Pela primeira vez, em português - na coleção Debates, da Editora Perspectiva - acaba de ser lançada, entre nós, uma parte da obra de Octavio Paz. Trata-se de Signos em Rotação, coletânea de ensaios do poeta mexicano, precedida de três textos a respeito da obra do autor: O Poeta, a Palavra e a Máscara, de Celso Lafer; Octavio Paz: o Mundo como Texto, de Sebastião Uchoa Leite; e Constelação para Octavio Paz, de Haroldo de Campos. Temos, assim, um enfoque inicial bastante completo, contribuindo para melhor ampliar a divulgação da literatura na América Latina.
Nascido no México, em 1914, formação construtivista, índole cosmopolita, Octavio Paz principiou sua obra (hoje, já dotada de inegável importância) a partir da década de 1930. Signos em Rotação constitui um volume de ensaios, onde predominam as abordagens concernentes à arte e à literatura, sem faltar, no entanto, uma guinada para a visão filosófica e sócio-cultural dos problemas.

Modernidade

Alguns títulos (ou capítulos), já em sua simples nomeação, são suficientemente significativos no sentido de descerrar a natureza deste livro, traduzido por Sebastião Uchoa Leite: Verso e Prosa, Ambigüidade do Romance, O Verbo Desencarnado, Stéphane Mallarmé: o sonêto em ix, O Desconhecido de si Mesmo: Fernando Pessoa, E. E. Cummings: Tecordação ou Cine Filosófico de Buñuel. Revelação do senso de verdadeira modernidade de OP: Fernando Pessoa, talvez o maior poeta em língua portuguesa de todos os tempos, Mallarmé e Cummings, dois dos grandes padrinhos da poesia contemporânea e revolucionária: em suma, o olho voltado para o cinema, a "arte do século".
Basta ler o estudo (acompanhado de tradução para o espanhol, feita em 1968 pelo autorr do famoso soneto em ix, de Mallarmé – “Se pures ongles…” - do qual, há mais tempo, Augusto de Campos já realizara uma versão para o português, mantendo o esquema de rimas, a fim de constatar o elevado e atualizado nível técnico de análise de Octavio Paz. Primeiro, uma interpretação do poema em si (um dos grandes sonetos de todos os tempos); depois, uma análise de sua própria tradução. Este rigor de se deter na concreção do texto que, ainda hoie, permanece privilégio de uns poucos. O resto ainda é o resto monumental: delírios impressionistas, babosices oratórias, cumprimentos ao autor, em tabelinha modelo permuta de cartões de visita.

Poesia

Quanto à obra poética de Octavio Paz, ela surge bem definida e traduzida no ensaio de Haroldo de Campos. Também ela, em si, explica o caráter dos próprios ensaios de Signos em Rotação. Um poeta que, com o tempo, com a experiência e o conhecimento, passou a se voltar para a meditação a respeito da natureza da poesia, de fazer o poema. Bastaria como exemplo de uma attitude, a série de topoemas, assim chamados por OP como uma decorrência de topos + poema, “poesia espacial por oposição à poesia temporal, .discursiva”.
Bastariam também, como signos de preocupação, outros trechos traduzidos por HC:

“............ ó letras puras,
constelação de signos, incisões,
na carne do tempo, ó escritura,
risca na água!”

“a forma que se ajusta ao movimento
é pele - não prisão - do pensamento.”

Universal

Octavio Paz sabe respirar a grande tradição espanhola, de dicção e metáfora, numa perspectiva universal; remetemos novamente ao ensaio sobre Mallarmé e sua admirável comparação com outro gigante: Gongora. Ou então ao seu poemensaio, que é toda uma aula de objetividade e referencial não intencionado ao nosso não menos importante João Cabral de Melo Neto:
“Uma linguagem que corte o fôlego. Rasante, talhante, cortante. Um exército de espadas. Uma linguagem de aços exatos, de relâmpagos afiados, de esdrúxulas e agudos, incansáveis, reluzentes, metódicas navalhas. Uma linguagem guilhotina. Uma dentadura trituradora, que faça uma pasta dos eutuelenósvóseles. Um vento de punhais que desgarre e desarraígue e descoalhe e desonre as familias, os templos, as bibliotecas, os cárceres, os bordéis, os colégios, os manicômios, as fábricas, as academias, os pretórios, os bancos, as amizades, as tabernas, a esperança, a revolução, a caridade, a justiça. as crenças, os erros, as verdades, a verdade.”

Correio da Manhã
16/03/1972

 
G. S. Fraser "The modern writer and his world" - Criterion Books
Jornal do Brasil 18/08/1957

Sophokles – “Women of trachis”
Jornal do Brasil 03/11/1957

Piet Mondrian
Jornal do Brasil 01/12/1957

The Letters Of James Joyce
Jornal do Brasil 12/01/1958

O poema em foco – V / Ezra Pound: Lamento do Guarda da Fronteira
Correio da Manhã 05/10/1958

Erza Pound, crítico
Correio da Manhã 11/04/1959

Uma nova estrutura
Correio da Manhã 31/10/1959

"Revista do Livro", nº 16, Ano IV, dezembro de 1959
Tribuna da Imprensa 13/02/1960

E. E. Cwnmings em Português
Tribuna da Imprensa 04/06/1960

O último livro de Cabral: “Quaderna”
Tribuna da Imprensa 06/08/1960

Cinema e Literatura
Correio da Manhã 07/10/1961

Um poeta esquecido
Correio da Manhã 24/03/1962

A Grande Tradição Metafísica
Correio da Manhã 05/05/1962

Reta, direto e concreto
Correio da Manhã 06/06/1962

A Questão Participante
Correio da Manhã 18/08/1962

165 registros
 
|< <<   1  2  3   >> >|