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literatura

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Pedras de toque sobre o pensamento do poeta

“O homem raro que só diz coisas novas”
Adrien Remale


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Mallarmé é o maior poeta desses séculos. Aqui, simplesmente, vamos transcrever flashes do seu estar: é bom dizer que a poesia é sombra de mistério, jamais será um exercício de amadores, nem de iconoclastas deslumbrados.
Vamos lá.
“Peindre, non la chose, mais l’effet que’elle produit.”
“Pintar, não a coisa, mas o efeito que ela produz.”
(carta a Henri Cazalis, em 10/1864)

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“Il faut toujours ocuper le commencement et la fin de ce qu’on écrit. Pas d’introduction, pas de finale.”
“Deve-se sempre cortar o começo e o fim do que se escreve. Nada de instrodução, nada de desfecho.”
(Carta a Henri Cazalis, 25/4/64)

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“Quand du stérile hiver a resplendi l’ennui”
“Quando o tédio do inverno estéril reluzia”
(sonedo do cisne)

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Quelle étude du son et de la couleur des mots, musique et peinture par lesquelles devra passer la pensée, tant belle soit-elle, por être poátique.”
“Que estudo do som e da cor das palavras, musica e pintura, pelas quais deve passar o pensamento, tão belo que seja pra ser poético?”
“Je n’ai crée mon ceuvre que par élimination... La destruction fur ma Béatrice.”
“Eu só criei minha obra pela eliminação... A destruição foi a minha Beatriz.”
(Carta a Eugene Léfebure, em 17/5/1867)

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“Donnes un sens plus pur aux mots de la tribu”
“Dar sentido mais puro às palavras da tribo”
(Le Tombeau D’Edgard Poe)

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“Pour moi, le cãs d’un poete, en cette société qui ne lui permet pas de vivre, c’est le cas d’un homme que s’isole pour sculpter son propre tombeau.”
“Para mim, a contingência de um poeta, nesta sociedade, que não lhe permite viver, é a mesma de um homem que se isola a fim de esculpir sua própria tumba.”

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“Le blanc souci de notre toile”
“O alvo desvelo em nossa vela”
(soneto de Brinde)

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“Nommer un object, c’est supprimer les trois-quarts de la jouissance du poeme qui est faite de deviner peu a peu: de suggérer veila le revê.”
“Nomear um objeto é suprimir três-quartos de fruição do poema e consiste em pouco a pouco desvendar: sugeri-lo, eis o sonho.”

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“Puis, en général: du La Bruyère et du Fénelon aves un perfum de Baudelaire.
“Enfim du moi – et du langage mathématique.”
“E de maneira geral: um pouco de La Bruyère e de Fénelon com um perfume de Baudelaire.”
“Em suma, algo de mim – e a linguagem matemática.”

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“Le Neant parti, reste le chaseau de la pureté”
“O Nada havendo partido, resta o castelo da pureza:
(Igitur, finale)

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“Que les masses lisent la morale, mais de Grace ne leur donnez pas notre poésie à gâter.”
“Que as massas leiam a moral, mas, de graça, não lhes dêem nossa poesia como desfrute.”

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“La Poésie est l’expression par le langage humain ramené à son rythme essentiel, du sens mystérieux des aspects de l’existence: elle done ainsi d’authenticité notre séjour et constitue la seule tache spirituelle.”
“A poesia é expressão, através da linguagem humana levada a seu ritmo essencial, do sentido misterioso dos aspectos da existência: ela constitui assim um nível de autenticidade para o nosso divagar e forma a única tarefa espiritual.”
(carta a Léo d’Orfer)

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“...tout, au monde, existe pour aboutir à un livre”
“...tudo, no mundo, existe para terminar num livro”

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“Ne jamais confronde le Langage aver le Verbe.”
“Jamais confundir a Linguagem com o Verbo.”
(Le Guignon)

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“Mordant au citron d’or de l’idéál amer”
“Mordaz no limão de’ouro do ideal amargo”
(Le Guignon)

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“Poe est intimement mêlé, que si jamais jê fais qualque chose qui VAILLE, jê lui décrait.”
“Poe está intimamente entranhado, a tal ponto que se eu fizer qualquer coisa que VALHA A PENA, a ele eu devo.”

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“Je suis hanté. L’Azur! L’Azur! L’Azur! L’Azur!”
“Estou pirado. O azul! O azul! O azul!”

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“J’ai le plan de mon oeuvre, et sa théorie poétique qui será celleci: “Donner les impressions les plus étranges, certes, mais sans que le lecture n’oublie pour pas une minute la jouissance que lui procurera la beauté du poème.”
“Tenho o plano de minha obra e sua teoria poética que será esta: dar as impressões mais estranhas – tudo bem – mas de forma que o leitor não se esqueça nem por um minuto do prazer que lhe vai acarretar a beleza do poema”

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“Toute Pensée émet un Coup de Dês”
“Todo pensamento emite um lance de dados”
(Un Coup de Dês)

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Ao azar hoje me entrego / quem tem o peso tem azar / mas o peso que eu carrego / é a pena de te amar – Gradinho/Noel/ et Mallamé et etc caterva.


Adrien Remacle, nascido em 1856, era jornalista e romancista. Publicou seu único romance, “L’absente”, em 1890. Criou esboços melódicos – uma espécie de drama-ballet – baseados nas “Fêtes Galantes”, de Verlaine. Atribuiu a si a descoberta do aeroplano (monoplano e biplano) em 1886 e 1887 e lançou cinco livros de poemas. Parece que, apesar de tudo, não era louco.

Folha do Estado de São Paulo
13/03/1992

 
G. S. Fraser "The modern writer and his world" - Criterion Books
Jornal do Brasil 18/08/1957

Sophokles – “Women of trachis”
Jornal do Brasil 03/11/1957

Piet Mondrian
Jornal do Brasil 01/12/1957

The Letters Of James Joyce
Jornal do Brasil 12/01/1958

O poema em foco – V / Ezra Pound: Lamento do Guarda da Fronteira
Correio da Manhã 05/10/1958

Erza Pound, crítico
Correio da Manhã 11/04/1959

Uma nova estrutura
Correio da Manhã 31/10/1959

"Revista do Livro", nº 16, Ano IV, dezembro de 1959
Tribuna da Imprensa 13/02/1960

E. E. Cwnmings em Português
Tribuna da Imprensa 04/06/1960

O último livro de Cabral: “Quaderna”
Tribuna da Imprensa 06/08/1960

Cinema e Literatura
Correio da Manhã 07/10/1961

Um poeta esquecido
Correio da Manhã 24/03/1962

A Grande Tradição Metafísica
Correio da Manhã 05/05/1962

Reta, direto e concreto
Correio da Manhã 06/06/1962

A Questão Participante
Correio da Manhã 18/08/1962

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