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O poema em foco - VIII / Guillaume Apollinaire: A Ponte Mirabeau

Guillaume Apollinaire

Na Ponte Mirabeau, desliza o Sena
E nossos amôres
E a memória acena:
Alegria vem serpre após a pena
Vem a noite, soa a hora
Os dias vão, eu me demoro
As mãos nas mãos, fiquemos face a face
Enquanto abaixo
Pela ponte dos nossos braços, passa.
De olhar eterno a onda tão lassa.
Vem a noite, soa a hora
Os dias vão, eu me demoro
O amor se vai como essa água corrente
O amor se vai
Como a vida é lenta
E como a esperança é violenta
Vem a noite, soa a hora
Os dias vão, eu me demoro
Passam-se os dias, passam as semanas
Nem tempo passado
Nem o amor reemana
Na Ponte Mirabeau, desliza o Sena
Vem a noite, soa a hora
Os dias vão, eu me demoro

Este mês marca o cinquentenário da morte de Guillaume Apollinaire, ou, segundo o nome de batismo, Wilhelm-Apolinaris de Kostrowitsky, nascido em Roma em 1880, filho de pai desconhecido e de Angélica Alexandrina. Além de poeta, Apollinaire foi teórico e um dos grandes catalisadores dos movimentos de vanguarda do início do século. Uma das suas obras consideradas mais importantes é exatamente o ensaio sôbre os pintores cubistas.
Como poeta abriu comportas e estendeu a sua influência além continentes. O maior monumento do
vers libre talvez seja o seu Zone, do qual possivelmente o melhor eco, aqui no Brasil, é a poesia pouca, mas pioneira, de Luís Aranha. Na vertente da estrutura rítmica e rímica, ficou, no tôpo, La Chanson du Mal-Aimé,uma espécie de villonade sob o "sôpro da influência do grande Tristan Corbière. Em suma, na vertente da vanguarda ficaram os seus diversos caligramas, que remontam aos poemas em forma de coisas, da Grécia antiga, ou, em outros casos, poemas como fisiognomonia de eventos. Disse Apollinaire uma frase lapidar e profética em sua época: "é preciso que a nossa inteligência se habitue a pensar sintético-ideograficamente em vez de analítico-discursivamente". Daí, para o media atual de Marshall MacLuhan é apenas uma linha reta, direta
Concreta.
A sua balada sôbre a Ponte Mirabeau, ao lado dos citados Zone e La Chanson du Mal-Aimé, se constitui num dos seus poemas mais famosos, frequentador normal de antologias. Aqui não se trata do homem de vanguarda, mas do poeta competente e com as antenas da sensibilidade filtradas pela expressão concisa. É o Apollinaire chansonnier, o Apollinaire pré-Edith Piaff, com o lirismo evocativo, também um lirismo pré-René Clair. Um boulevardier medita à beira do Sena: o cromo é comum, fácil o cartão-postal. Mas há também a técnica que nos conduz, aqui, à poesia (que é feita com palavras e, nunca, através de idéias - conf. Mallarmé).

nota e tradução José Lino Grünewald

Correio da Manhã
08/11/1968

 
Cinco poemas
vários autores Grandes poetas da língua inglesa do século XIX

Introdução, argumento e cap. I
Stéphane Mallarmé Igitur ou a loucura de Elbehnon

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Canto II
Ezra Pound Os cantos

Canto III
Ezra Pound Os cantos

Alguns princípios básicos de cinematografia
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Estilo e estilização
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Métodos de montagem
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Dois poemas de Ezra Pound
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Observações sobre o cinema
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O princípio cinematográfico e o ideograma
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O princípio cinematográico e ideograma - parte II - conclusão
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Historieta do Sonho ao Ar Livre
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Retrato de uma dama
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