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Pela lente do humor

Plebiscito e outros contos de humor
autor: Arthur Azevedo
assunto: narrativas de teor tragicômico e de sátira aos costumes, passadas entre o fim do Império e o início da República no Brasil


Decorrido o período de cerca de um século, o retomo ao proscênio desses contos de Arthur Azevedo (1855-1908) deixa-o em fugaz berlinda. Jamais seria a cobaia apropriada para as lentes de estruturalistas, pós-modernistas, neo-iluministas etc. etc. Em matéria de prosa, se houvesse uma comparação com alguns contemporâneos como Raul Pompéia, Machado de Assis (de quem foi subchefe de seção no Ministério da Agricultura) ou mesmo o mano Aluízio (O Mulato, O Cortiço), ficaria num segundo plano altamente embaçado.
Poder-se-ia argumentar em seu favor pessoal que o teatro teria sido o seu forte - a sua peça, A Capital Federal, chegou também a ser filmada por Luís de Barros, em 1923 (calcule-se!), e musicalmente reencenada por Flávio Rangel, anos atrás. E que também foi rigoroso sonetista e, provavelmente, o autor da primeira crônica cinematográfica entre nós. Amém.
Tudo bem. Aqui estão os contos. Pauta permanente: humor. Ótimo - o humor pode até ser sinônimo do vocábulo mais significativo do humanismo, amor, de acordo com aquele poema de uma só palavra de Oswald de Andrade. Mas pode ser também a vertente mais sensível na literature diante da corrosão do tempo. Exemplo? Ele mesmo, Arthur Azevedo.
Vários desses contos são despretensiosas anedotas, como no caso de "X e W" ou "Sabina"; não há, hoje em dia, surpresa - qualquer leitor com ligeira experiência ou ouvinte de anedotas prevê o desfecho. Se nesses inexiste o fator estético da surpresa, nada resta de um estilo (?) reto, direto, simples, honesto etc. e tal, mais endereçado, no entanto, aos aprendizes de leitura do que de literatura.
Através de outro enfoque, constata-se que o retratar da vida carioca é desprovido de maiores sabores, sutilezas, temperos, atmosfera. Só pela nomeação de lugares ou, às vezes, de eventos ou figuras históricas, sabemos que estamos no Rio de Janeiro ou mesmo no Brasil. Não fosse a ressalva, poderia ser a Markóvia da Viúva Alegre...
Sabor existe no tilintar de palavras em desuso, como o verbo piabar (experimentar), regougar (gritar), o substantivo filáucia (vaidade) ou a pitoresca expressão tocar leques por bandurra, dentro de um dos melhores contos do livro, "A Polêmica". Nesse, embora o seu desenvolvimento seja presumível, surge a figura do ghost writer e, junto com ela, parte do que é a história do jornalismo profissional do Brasil.
Outros flashes: o conto em versos, "Banhos de Mar", um dos melhores, mostrando a habilidade do autor em rimas e métricas, dando força ao texto. Em "O Galã", com "expectorou algumas palavras com mais entusiasmo que sintaxe", aflora um algo mais no estilo do escritor. Enfim, o famoso "Plebiscito", também de final previsível, ficou atualíssimo porque poderia ser aplicado não só aos eleitores, mas ainda aos nossos poderes legislativos.

Revista IstoÉ
19/05/1993

 
G. S. Fraser "The modern writer and his world" - Criterion Books
Jornal do Brasil 18/08/1957

Sophokles – “Women of trachis”
Jornal do Brasil 03/11/1957

Piet Mondrian
Jornal do Brasil 01/12/1957

The Letters Of James Joyce
Jornal do Brasil 12/01/1958

O poema em foco – V / Ezra Pound: Lamento do Guarda da Fronteira
Correio da Manhã 05/10/1958

Erza Pound, crítico
Correio da Manhã 11/04/1959

Uma nova estrutura
Correio da Manhã 31/10/1959

"Revista do Livro", nº 16, Ano IV, dezembro de 1959
Tribuna da Imprensa 13/02/1960

E. E. Cwnmings em Português
Tribuna da Imprensa 04/06/1960

O último livro de Cabral: “Quaderna”
Tribuna da Imprensa 06/08/1960

Cinema e Literatura
Correio da Manhã 07/10/1961

Um poeta esquecido
Correio da Manhã 24/03/1962

A Grande Tradição Metafísica
Correio da Manhã 05/05/1962

Reta, direto e concreto
Correio da Manhã 06/06/1962

A Questão Participante
Correio da Manhã 18/08/1962

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