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"Revista do Livro", nº 16, Ano IV, dezembro de 1959

No último número da Revista do Livro, correspondente no mês de dezembro, ganham destaque o ensaio de Augusto de Campos, sobre "Grande Sertão Veredas" de Guimarães Rosa, e a publicão dos importantes manifestos modernistas: o da revista Klaxon, o “Manifesto da Poesia Pau Brasil", de autoria de Oswald de Andrade, o de Terra Roxa - "Terra Roxa e Outras Terras", o "Manifesto Antropófago", também de Oswald de Andrade, lançado pela Revista de Antropofagia, e o do verde-amarelismo ou da Escola da Anta, aparecido no Correio Paulistano; "Nhengaçu Verde Amarelo".
O próprio título do estudo de Augusto de Campos, "Um Lance de Dês do Grande Sertão" (que - logo se reporta, em excelente trocadilho, ao "Un Coup de Dés", de Mallarmé), já torna evidente a sua tomada de posição em face do romance de Guimarães Rosa: uma análise apoiada nos elementos formulativos que permitem a estruturação de um romance atemporal. Não importam as eatereis discussões a respeito de sutilezas temáticas ou então discernir, numa geografia dos eventos narrados, o devido enquadramento da obra em que espécie de facêta do ciclo regionalista em nossa literature. Não reside aí a validez do "Grande Sertão" como o nosso autêntico e definitivo romance ·monumental. O que o autor do ensaio justamente aqui focaliza são os problemas colocados sob a imperante e inobjetável primazia do artesanato, acentuando que "os grandes conteúdos do "Grande Sertão", como os de Jayce, se resolvem não só através da, mas na linguagem".
Dentro desse objetivo, realiza levantamentos comparativos dos recursos da técnica joyciana e os do romancista brasileiro, cotejando trechos deste último com fragmentos originais do "Finnegans Wake" e suas respectivas traduções para o português. São exemplos bem eficazes no demonstrar as atitudes análogas de dois inventores perante a linguagem que "não é mais um animal doméstico atrelado ao veículo da estória". Como observou Michel Butor, no seu ''Esquisse D'Un Seuil pour Finnegan", monografia publicada no númeró de dezembro de 1957 da Nouvelle Revue Française, "Finnegans Wake doit pouvoir être lu en partant de n'importe quelle page"; ponto de vista já também adotado por G. S. Fraser, no seu livro “The Modem Writer and hill World" (pág. 15), quando chama a atenção para a identidade de concepção sobre um fluxo de constantes recorrências entre o escritor irlandês e o filósofo Giambattista Vico.
"Grande Sertão" não chega às consequências radicais da estruturação circular de "Finnegans Wake" – um romance que, iniciando pela parte final de uma frase, cuja parte inicial está no fim do livro, tem; afinal, a própria linguagem como seu verdadeiro tema. Propõe, entretanto, na confluência de uma série de processos ricos e engenhosos, fundadas nas virtualidades formativas da nossa linguagem, alguns importantes problemas de tempo e cria uma interligação de sequências narrativas até então inusitadas em nossa prosa, pelo menos .em rigorosas têrmos de estrutura. -
A "temática de timbres" foi o aspecto da obra ao qual Augusto de Campos, em seu valioso ensaio, especificamente se prendeu e, através de exemplos bastante ilustrativos, fornece uma excelente contribuição para o approach de "Grande Sertão: Veredas" sob diversas feições, a maior realização; em prosa, existenfe na lingual portuguesa.
Como apêndice também ilustrativo ao estudo, temos uma tradução de A.C., do "Jatiberwocky", de Lewis Carroll.

A nova publicação dos manifestos modemistas:não vem apenas cingida a um interesse puramente histórico-museológico. Em alguns deles está ainda contido um bom número de idéias bem vivas e atuantes em face da realidade de hoje, principalmente os assinados por Oswald de Andrade. Oswald, com a sua importante poesia pau brasil, "pela invenção e pela surprêsa", com a sua prosa direta e instigante, Oswald, um de nossos maiores escritores, soterrado pelo descaso editorial e privado do convívio com as gerações mais novas. O "Manifesto da Poesia Pau Brasil" constitui um dos mais sérios documentos de análise da poesia brasileira em situação. E foi o autor de "Serafim Ponte Grande" o primeiro a sustentar, na época, a necessidade de se criar uma poesia inteiramente nossa, autêntica, de exportação, contra uma poesia de importação, que mantém o artista prêso aos surrados arcaísmos liriferantes.
E, da revista Klaxon e do "Manifesto Antropófago", são lançados, nesse número da Revista do Livro, reproduções em fac-simile, das edições da época.

Tribuna da Imprensa
13/02/1960

 
G. S. Fraser "The modern writer and his world" - Criterion Books
Jornal do Brasil 18/08/1957

Sophokles – “Women of trachis”
Jornal do Brasil 03/11/1957

Piet Mondrian
Jornal do Brasil 01/12/1957

The Letters Of James Joyce
Jornal do Brasil 12/01/1958

O poema em foco – V / Ezra Pound: Lamento do Guarda da Fronteira
Correio da Manhã 05/10/1958

Erza Pound, crítico
Correio da Manhã 11/04/1959

Uma nova estrutura
Correio da Manhã 31/10/1959

"Revista do Livro", nº 16, Ano IV, dezembro de 1959
Tribuna da Imprensa 13/02/1960

E. E. Cwnmings em Português
Tribuna da Imprensa 04/06/1960

O último livro de Cabral: “Quaderna”
Tribuna da Imprensa 06/08/1960

Cinema e Literatura
Correio da Manhã 07/10/1961

Um poeta esquecido
Correio da Manhã 24/03/1962

A Grande Tradição Metafísica
Correio da Manhã 05/05/1962

Reta, direto e concreto
Correio da Manhã 06/06/1962

A Questão Participante
Correio da Manhã 18/08/1962

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