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A arte como tinturaria

A mão do artista
Autor: W. H. Auden
Ideia: textos inspirados por teatro, literature e música, de um dos maiores poetas do século XX


Um livro de grande interesse para iniciados em criação e estética, A Mão do Artista já começa bem com a bela capa, vazada em ad marginem, de Paul Klee. E somente tropeça em alguns problemas de tradução, logo de saída no tocante ao título. No original, lê-se The Dyer's Hand; não sabemos qual o motivo de transformar dyer (tintureiro) em "artista" . Necessário respeitar a intenção significante do autor.
Wystan Hugh Auden - nascido na Inglaterra em 1907, naturalizado americano em 1946 e falecido em Viena em 1973 - é um dos maiores poetas de língua inglesa do nosso século. E assim como outros grandes, como Pound e Eliot, foi um poeta culto, excelente ensaísta, conhecedor de fôlego da técnica de transformação histórica do verso, tal se pode comprovar pelos seus estudos sobre D. H. Lawrence, Marianne Moore e Robert Frost, constantes desse livro. Sem falar em Shakespeare, presente em vários textos, seja mediante o teatro ou a poesia. E, novamente, outro reparo: por que, nesse volume, não foram apresentados todos os originais dos poemas ou trechos dos poemas traduzidos? Afinal, nem sempre quem adquire a obra traduzida ignora a língua original...
Auden é um dos melhores poetas da vertente da "emotion recollected in tranquillity" (emoção lembrada / recobrada na tranquilidade), quem muitas vezes sacou alto, em poemas como "Oxford": "And nature can only love herself” ("E a natureza só pode amar a si própria"). É com essa serenidade de criador que investiga e analisa as criaturas de seus pares no universo estético. No seu caso, nada dos tanques pesados de uma terminologia pseudocientífica de "estruturalistas" ou de "pós-modernistas" mais recentes (aquela história shakespeariana de som e fúria significando nada). Ele foi contemporâneo do new criticism, que era mais objetivo, mas sempre resguardou o seu olhar com a modéstia e o cuidado. Entra num assunto e, em crescendo, desvenda tendências e alegorias, descerra meditações paralelas. Pois é também um pensador.
A Mão do Artista contém escritos sobre literatura, teatro e música. Já mencionamos os poetas abordados e vale, ao mesmo tempo, chamar a atenção para o seu breve e instigante ensaio a respeito de Franz Kafka. Os dois primeiros sobre Ler e Escrever são importantes, especialmente o segundo, no qual comenta a diferença entre poesia e prosa. Mas os momentos talvez mais surpreendentemente gratificantes são aqueles de música e ópera, destacando essa última. Observações agudas de um leigo confesso: "Todo dó maior atingido com segurança põe por terra a teoria de que somos fantoches do destino e do acaso"; ou "a glória da ópera é o espetáculo"; ou esse alerta ao coro: "Ópera não é oratório". Auden: um encontro com a inteligência.

Revista IstoÉ
13/10/1993

 
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