No fim de semana, a TV Educativa reapresentou um filme sobre Mário de Andrade, produzido pela TV Cultura em 1980. Como de praxe, uma realização fundada em fotografias, depoimentos e também um recital de poemas do autor de Losango Cáqui, Macunaíma, Amar: Verbo Intransitivo etc.
O assunto possui evidente interesse, mas a fórmula de apresentação, no repisar contínuo de esquemas, vai ficando estática. Há o lado evidentemente humano e vivo dos depoimentos, como os de Gilda de Melo e Souza, Rubem Borba de Morais, Camargo Guarnieri, a secretária de Mário, sua irmã e a interpretação de Viola Quebrada. Mas o recitativo – como também acontece toda hora no Fantástico, da Globo, por exemplo - é algo muitas vezes inútil e soporífero. Ouvir poesia não é a mesma coisa do que ler poesia, quando o leitor, ao bel prazer do seu interesse ou instigação, demora-se mais ou menos em certas palavras, em determinados trechos. As declamações têm, em geral, o defeito de dramatizar, de teatralizar o texto, onde não existia pretexto para tanto. É o que ocorre nessa produção, onde quem não conhece a poesia de Mário fica na mesma. A informação sobre o escritor ainda paira no vídeo, mas boa parte do que se poderia transmitir se dilui na rotina.
Na TV Manchete, mais um capítulo de A Magia da Dança, com Margot Fonteyn de fio condutor. O que paira é uma sensação de frieza na montagem da série. Dublada de forma certa ou errada, Dame Margot fala sempre na mesma toada, como se tivesse chegado de outro planeta. A diversidade que, só às vezes, ocorre entre uma tomada e outra da apresentadora, não esmaece o distanciamento do público. Valem, sim, as sequencias documentais o trecho do Lago dos Cisnes e principalmente ver, de um lado, o magistral pas de deux, do Apolo, ou, de outro, Barikyshnov, dançando Petrouchka, que foi uma das grandes criações de Nijinski. Mas, para tudo o que ainda vem, fora o que já foi exibido, talvez fosse dispensável a figura de Margot falando; basta vê-la dançando.
Última Hora
11/10/1983