Verviver a Fórmula 1
O esporte na TV deu duas para se assistir. Em primeiro lugar, a decadência do nosso sagrado futebol: o jogo do Brasil e Paraguai, na quinta-feira. Bem que o medíocre técnico havia avisado de que iríamos "jogar feio". Que decadência! Os tecnocratas tomaram conta até do futebol - e o que se viu – via TV -foi aquilo mesmo, um soporífero. E é isto o nosso Brasil (do nosso céu azul de anil) uma ilha de soporíferos tecnocratas, cercada de credores por todos os lados. Resultado: 1 x 1: graças ao momento em que Moser e Éder fugiram à burrice e transaram com galas o nosso medíocre empate.
Mas a corrida de Fórmula-1 lavou a alma. Um jogo de xadrez sobre rodas. E que rodas! Velozes, onde o pensamento esquenta, as agulhas apontam para a hipótese da fatalidade. Mesmo assim a Brabham deu o seu show que se não foi de bola, foi de rodas. Piquet saiu com o tanque a meio – disparou – o telespectador nada sabia das marombas - torcia, torcia apenas.
Em dado momento, o primórdio da eficiência (os tecnocratas falam em eficácia). Simplesmente em nove segundos e vinte décimos, a equipe da Brabham trocou quatro pneus e encheu o tanque de Piquet. Este continuou na ponta. Patrese, no jogo intelectual do faixa (faixa sempre se falava quando um cavalo inferior ajudava o parelheiro da coudelaria). Segurou Niki Lauda - até este estourar, já atrás de Piquet, porque Patrese, no meio da fumaça de um acidente com o carro de outro competidor, emergira na ponta.
Tudo isso visto na TV Kyalami - África do Sul - os pilotos na aparente e tranquila correria. Melhor de quem estava no local. A televisão - via satélite - entorna a informação. O resto era o resto.
No mais, a reportagem curtia sua plenitude. O espichar do líquido do champanha. Os sorrisos. Estávamos na era da informação. O resto era literatura.
Última Hora
30/11/-1