Há um óbvio que povoa a TV. A programação de filmes ainda não rima com o mercado potencial. O que se vê - com as exceções de praxe, nos horários "nobres" dos fins de semana - são as reprises ultramanjadas. E a falta de repetição de espetáculos que poderiam arregimentar maior público.
Quando se exibe determinado espetáculo de grande sucesso, seria necessária essa repetição. Nem todo mundo está à disposição do vídeo no horário dos programadores. Há disponibilidade potencial para inúmeras horas: seja pela manhã, em plena tarde, no tombar da noite. Mas a impressão que se tem é aquela de que os responsáveis pelas imagens pensam que todo o público vive nos mesmos períodos de tempo. De tarde, quase sempre, os desenhos animados de praxe. Horóscopos e receitas de inconsequências povoam o campo televisivo.
Se qualquer emissora tivesse um mínimo de capital e, principalmente, um mínimo de inteligência em complementação, saberia conferir o recheio das programações. Falamos especialmente de quem não pode competir com as novelas do Sistema Global.
É preciso lembrar, também, que nem sempre a cor representa condicão básica para a aceitação de qualquer filme. Chaplin, as correrias de Mack Sennett ou as operetas do leão da Metro, estão aí para desafiar a falta de juízo. A história do cinema poderia ser tranquilamente refeita na TV.
Damos o exemplo dos clássicos do cinema que eram repisados pela TV-Educativa. Havia Humberto Mauro, o expressionismo alemão e etc e tal. Depois, um grupo de pessoas fazia comentários sobre o filme. Elementar: uma forma de ilustrar via debate. Essa modalidade de programa acabou e ficou o quê? Nada, nada - ou seja, a singela falta de imaginação. A TV ainda tem uma missão a cumprir com a arte do cinema: cabocla ou cosmopolita.
Última Hora
28/10/1983