2 x 0. Não é o Brasil de João Saldanha. Ou que fosse do Santo Didi. Os russos, durante a Copa do Mundo de 1958, deram-se ao trabalho de cronometrar todos seus passes. Os passes do doce crioulo. Foram 58 sem erro. Por isso, as crônicas européias falavam mais dele, do que de Pelé ou Garrincha.
É um Brasil forjado no medo. 2 x 0. Continuamos fregueses dos uruguaios, isto porque os dirigentes do Futebol não conseguem combinar A com A. A vergonha não é aquela dos jogadores que se esfalfam em campo. A santa vergonha é a dos dirigentes que se exibem para conservar empregos, pagos pelos cofres públicos.
E a TV que transmite os jogos mal e mal? Nesse ridículo jogo com o Uruguai não se conseguiu reproduzir eficientemente o lauto gol da Celeste Olímpica. Simplesmente - depois de um pênalti não marcado pelo juiz - apresentou-se a bola sendo chutada, Leão de verde e o couro no fundo das redes.
Mal filmado, viu-se um Brasil omisso, sem personalidade, sem traquejo com a pelota. A TV, ao contrário da gritaria do Waldyr e do Jorge Curi, é implacável: demonstra nossa burrice ao vivo. Continuamos fregueses dos uruguaios. Fatalidade? Não. Falta de competência. Uma seleção que joga para perder: só a incompetência de um Parreiras poderia "bolar" isso.
Vamos continuar a jogar, vamos continuar a perder? Quem sabe? Só sabem os cartolas. Mas, numa época de viradas, eles que se expliquem. O público já está farto de palhaçadas (recorde-se: no segundo gol do Uruguai, o pseudo-frango-assado driblou toda a defesa brasileira, correndo em paralelo à nossa linha da grande área, e fez o belo tento-adiós).
Última Hora
29/10/1983