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Xerloque da Silva

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Bonnie sem Clyde

O terrorismo antibancário transferiu-se subitamente para Minas Gerais, ou melhor, para a histórica Sabará, onde dois bancos da cidade foram assaltados por onze pessoas que carregaram cerca de 50 milhões de cruzeiros. O fato mais curioso é que uma parte desse grupo de onze, aquela que assaltou o Banco Mercantil, era comandada por uma loura de mini-saia, que, incontinenti, mal entrou no recinto da agência, disparou uma rajada de metralhadora - senha para que a outra parte iniciasse a investida contra o Banco da Lavoura, 200 metros adiante.
Estamos, assim, diante de uma nova versão de Bonnie Parker - agora sem Clyde Barrow, ou - quem sabe? - com dez Clydes. Os funcionários, como de hábito nestes casos, foram trancafiados dentro do banhero.
Há pouco, tivemos ocasião de rememorar, através de um excelente filme, as façanhas de Bonnie e seu parceiro, no princípio da década dos trinta. A nova versão mineira, além de modernizada, é mais estimulante, porque usa mini-saia, ao contrário do vestido comprido da original, tal como a reviveu a atriz Faye Dunnaway. O mistério torna-se palpitante. Quem será a loura? Será apenas ladra ou subversiva?
O fato é que a loura arrojada, depois de encher a sua sacola com as notas do banco, desapareceu no melhor estilo cinematográfico. Nenhuma pista até agora, enquanto a sua figura, vaga, vai encadeando os arrepios românticos de uns e outros.
Maior problema ainda será o de várias autoridades mineiras que, segundo o ritmo da tradicional "tradicionalidade", pretendiam começar uma campanha fulminante contra o uso da mini-saia. A campanha, obviamente, terá de ser suspensa, pois a obrigação punitiva de as mulheres alongarem as roupas ajudaria, pelo menos por enquanto, a dificultar bastante a identificação da Bonnie mineira. Embora seja imenso o número de mulheres que usam a mini-saia, mormente aquelas que têm algo de estético a desvendar, sempre é melhor um mínimo de seleção inicial do que nada.
Por seu turno, os banqueiros de Minas, por medida de cautela, podem, proibir a entrada em seus estabelecimentos das mulheres de mini-saia, pois isto seria capaz de traduzir fator de intranquilidade de funcionários e depositantes
Resta o nó da questão: Quem será Bonnie? Voltará?

Correio da Manhã
16/01/1969

 
Fiscal fisgado
Correio da Manhã 14/01/1969

A mesma ilha
Correio da Manhã 15/01/1969

Bonnie sem Clyde
Correio da Manhã 16/01/1969

Imersão geral
Correio da Manhã 17/01/1969

Sinuca sangrenta
Correio da Manhã 18/01/1969

O homem-fome
Correio da Manhã 19/01/1969

Crime numa nota só
Correio da Manhã 22/01/1969

A receita do seu Zezé
Correio da Manhã 23/01/1969

A luta conjugal
Correio da Manhã 24/01/1969

O mistério do professor vermelho
Correio da Manhã 25/01/1969

Teatro Leve
Correio da Manhã 26/01/1969

O transplante
Correio da Manhã 28/01/1969

Idem idem
Correio da Manhã 29/01/1969

Cadê Zizi
Correio da Manhã 01/02/1969

Barulhinhos
Correio da Manhã 02/02/1969

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