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Xerloque da Silva

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O estrangulador

O homem saiu correndo de dentro do carro e esbarrou em dois enfermeiros que conduziam uma maca e com uma mulher deitada em cima dela. Com o impacto, a maca desprendeu-se das mãos dos dois e o corpo da mulher tombou no solo. Logo depois, ouvia-se a sirena de uma viatura policial. Do carro prêto, emergiram dois homens de chapéu, atirando quase a êsmo na direção do outro que corria. Inútil - o perseguido dobrou a esquina e, quando os policiais ali chegaram, não havia sinal nenhum de sua presença. Ligaram o rádio do carro e mandaram vir um destacamento suficiente para cercar o quarteirão.
A busca estendeu-se noite adentro - tudo em vão. O quarteirão, cercado de policiais e curiosos, havia sido revistado palmo a palmo. Certamente o perseguido teria escapado a tempo. No dia seguinte, os jornais davam em manchete a odisséia vitoriosa do "homem que estrangulara cinco mulheres". Além de tudo era bígamo: duas das vítimas tinham casado com êle de véu e grinalda.
Às 11 horas da noite dêste dia, um homem de meia idade entrou no hotel e registrou-se sob o nome de Confúcio Pereira. Subiu até o quarto conduzindo uma maleta preta e dispensou qualquer serviço. O gerente de plantão desconfiou: ligou para a delegacia mais proxima. Na dúvida, a polícia veio e os detetives foram logo subindo as escadas até o quarto do hóspede. Abriram a porta e não viram ninguém; havia uma corda prêsa ao parapeito. Olharam para baixo e nada. Soou o apito, o carro começou a girar de faróis acesos em tôrno do quarteirão. Nada, nada e nada. Quando voltaram ao hotel, o gerente, apavorado, dizia: "era êle sim; aproveitou a saída dos senhores, voltou aqui, imobilizou-me com o revólver e fugiu, carregando milha mulher - foram ainda na motocicleta do meu filho". "E sua mulher não reagiu?" "O mais terrível é que não, parecia estar no paraíso."
Três dias depois, a mulher foi encontrada estrangulada numa estrada, com os olhos irradiando felicidade. Os jornais davam a descrição sintética do criminoso: barba e olhos verdes, magro e estatura mediana. O telefone tiniu noutra delegacia: voz de mulher: "aqui é da Pensão do Céu, acaba de chegar como hóspede um sujeito parecido com a descrição". "Já vamos para aí". "Depressa, depressa! - estou com mêdo." Dois carros da polícia chegaràm silenciosamente. Entraram pé ante pé e - surprêsa - depararam com um homem de barba, caído no chão. "Estrangulado! E é êle mesmo", gritaram os policiais. Na porta, com as mãos tintas de sangue, apareceu uma mulher loura, eufórica: "peguei-o peguei-o." "Como a senhora conseguiu?" Levantou a peruca e surgiu a cabeça de um homem: "vesti-me de mulher e consegui atraí-lo, vinguei-me; êle havia estrangulado a minha espôsa".

Correio da Manhã
15/02/1969

 
Fiscal fisgado
Correio da Manhã 14/01/1969

A mesma ilha
Correio da Manhã 15/01/1969

Bonnie sem Clyde
Correio da Manhã 16/01/1969

Imersão geral
Correio da Manhã 17/01/1969

Sinuca sangrenta
Correio da Manhã 18/01/1969

O homem-fome
Correio da Manhã 19/01/1969

Crime numa nota só
Correio da Manhã 22/01/1969

A receita do seu Zezé
Correio da Manhã 23/01/1969

A luta conjugal
Correio da Manhã 24/01/1969

O mistério do professor vermelho
Correio da Manhã 25/01/1969

Teatro Leve
Correio da Manhã 26/01/1969

O transplante
Correio da Manhã 28/01/1969

Idem idem
Correio da Manhã 29/01/1969

Cadê Zizi
Correio da Manhã 01/02/1969

Barulhinhos
Correio da Manhã 02/02/1969

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