''Trata-se de um bom filme. Contribui quantitativamente para essa fase de evolução que a nossa indústria cinematográfica (e, em consequência, a arte) vem passando. Não é O Pagador de Promessas uma obra da estirpe de Os Cafajestes (com todos os defeitos possíveis, a primeira fita deveras importante aqui realizada). Ainda está comprometido com uma formulação literária de agenciar os meios de expressão. Foi premiado em Cannes, mas muita coisa ruim sai consagrada, graças à politica dêsses festivais. E muita coisa pior, como o incrível Le Passage du Rhin, do causíclico Cayatte.
Anselmo Duarte, já detentor de um triunfo despretensioso com Absolutamente Certo!, voa mais alto e sai-se bem. A fita cresce bastante, em têrmos rítmicos, do meio para o desfecho. E a última cena é a melhor de todas quando o movimento de massas (raramente bem acionado em nosso cinema) é convincente e consegue lançar a catarse. Os atôres, muito seguros, conduzidos de acôrdo com a tradição discursiva. E os elementos de uma dialética do fenômeno místico permanecem muito bem situados e relacionados".
Correio da Manhã
02/09/1962