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Festival "A História do Cinema Françês" - "Crainquebille"

Logo apos ''L'Atlantide", Jacques Feyder terminava, em 1923, a realização de ''Crainquebille''. Um argumento de motivação muito a fim com as do atual neo-realismo italiano.
O grande tnmjo do filme repousa na admirável composição do protagonista levada a cabo pelo ator De Féraudy, dotado de boa máscara para as solicitações do papel na cena muda. A pequena odisséia de um modesto vendedor de legumes, que roda rua acima e abaixo com a sua carroça, não deixa de estabelecer uma longínqua linha de parentesco com o extravasamento patético de "Ladrões de Bicicletas'', de De Sica-Zavattini, quando a perda do instrumento de trabalho torna-se a matriz de toda o critério de fabulação.
Feyder, ao mesmo tempo que confere uma certa entonação lírica a algumas passagens da trama, joqa com o absurdo desfechado à base de uma sublinhação humorístico - caricata. Por causa de um leve mal-entendido com o guarda, o protagonista vê-se levado ao juiz que o condena à reclusão. Lá, ele descansa pacientemente dos quiproquós, porém, retornando ao trabalho, será desprezado pelos antigos fregueses, mesmo aqueles que lhe deviam ainda alguns trocados. Posteriormente, um menino a quem ele, tempos antes, livrara de ser espancado, salva-o do desespêro suicida e reanima-o a enfrentar a vida.
Tudo exposto em imagens diretas e simples, sem grandes desvelos e pretensões artesanais, mas denotando uma boa intuição no visualizar e concatenar as situações para um filme de média-metragem. A cena no tribunal, quando todos crescem divisados pelo seu olhar simplório e modesto, constitui uma eficaz solução. A sátira está presente, desembaraçada e imediata em suas implicações, revelando a clareza de uma tomada de posição por parte de Feyder, que, sem dúvida, tem com ''Crainquebille" uma pequena obra de mérito, principalmente tomando-se em consideração a época de sua produção e o interesse que até hoje desperta.

"A QUERMESSE HERÓICA”

As virtudes de um sólido critério de estilização, perfazendo um complexo de recursos rigorosamente homogêneos integrados numa dada proposição rítmica, pesmitem que (no que nos é dado a perceber através do Festival), a obra de Jacques Feyder resista muito mais à erosão do tempo do que a da maioria de seus contemporâneos, embora não chegue a representar, em instância maior, um salto qualitativo na evolução de formas da arte cinematográfica.
Não se trata de um inventor, isto é, não cria um processo inusitado e de formulação eficaz que venha exatamente a influenciar, em primeira mão, o trabalho de outros cineastas. É, entretanto, um mestre, dominando os meios de que dispõe e aprimorando a utilização de algums elementos de construção.
“La Kermesse Heroique", 1935, evidencia a permanência de todas essas características de Feyder. Um retumbante divertissement,
uma alegre farsa, cujo escôpo principal é reviver, mediante a dinâmica de efeitos da sétima-arte, toda uma tradição da pintura flamenga (Hals Breughel etc.), com um enredo que se reporta à época da ocupação de Flandres pelos espanhóis. O tratamento plástico-visual atinge um elevado nível, mesmo, tendo em conta a idade da fita, graças especialmente à valiosa cooperação dos décors de Lazare Meerson e ao camera-man Harry Stradling.
Muito discutido no período de seu lançamento e atacado por alguns que viam propósitos suspeitos por parte do diretor, o filme mantém-se até hoje e suporta com fôlego uma revisão, apesar de não ser uma realização importante. Os efeitos de consumação estritamente visual, independentes de um problema de ritmo, de uma organicidade contingente, conservam plena atualidade e, por outro lado, algumas situações prevalecem com seu sabor, ainda bastante
apoiado na desenvoltura do elenco encabeçado por Françoise Rosay, esposa do cineasta já falecido.
O sentido de féerie, muito bem absorvido pelo realizador, está presente também, e coroa com êxito algumas sequências. Noutras, domina a farsa, como as passagens decorridas frente ao leito do burgomestre que se finge de morto para os oficiais invasores e o monge sibarita (Louis Jouvet, em agradável aparição), ou como aquela autêntica ginkana amorosa da esposa do hospedeiro pelos quartos onde estavam alojados os oficiais.
Em “La Kermesse Heroique”, a frequência e a vivacidade dos diálogos imperam flagrantemente. Afinal um apanágio do cinema francês, esse virtuosismo muitas vêzes antifuncional da troca de frases-feitas entre atores, não chega, aqui, a embotar a unidade rítmica que, sem maiores implicações no terreno estético, sustenta o vigor e o interêsse da fita.

Tribuna da Imprensa
01/10/1959

 
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Jornal do Brasil 24/02/1957

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Jornal do Brasil 03/03/1957

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Jornal do Brasil 03/03/1957

Ingmar Bergman - IV
Jornal do Brasil 17/03/1957

Robson-Hitchcock
Jornal do Brasil 24/03/1957

Ingmar Bergman - V
Jornal do Brasil 24/03/1957

Ingmar Bergman - VI (conclusão)
Jornal do Brasil 31/03/1957

Cinema japonês - Os sete samurais
Jornal do Brasil 07/04/1957

Julien Duvivier
Jornal do Brasil 21/04/1957

Rua da esperança
Jornal do Brasil 05/05/1957

A trajetória de Aldrich
Jornal do Brasil 12/05/1957

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Jornal do Brasil 16/06/1957

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