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Teoria geral da informação - Flashes - Fundamentos de uma dogmática

1) Os indivíduos orientam-se por meio das mensagens de sua audiência, as mensagens são formas complexas.
2) Essas mensagens possuem uma estrutura elementar definida, no tocante às reações ulteriores do indivíduo, mediante as propriedades psicofisiológicas do receptor.
3) Ao lado das mensagens imediatas - as únicas reconhecidas por uma psicologia elementar - devemos distinguir as mensagens afastadas no tempo e no espaço e que são restituídas à audiência por meio de canais espaciais (transmissão, por exemplo) ou temporais (gravação, por exemplo).
4) Pode-se estabelecer uma correspondência entre mensagem espacial e mensagem temporal pelo processo de exploração, que extrai sucessivamente os pontos diferentes de uma estrutura espacial, dispostos numa dada ordenação.
5) Essas mensagens são medidas por uma quantidade de informação que constitui a originalidade, quer dizer, o que trazem de imprevisível.
6) Em originalidade, essa informação exprime-se pelo logaritmo do mínimo de mensagens possíveis que têm amesma estrutura aparente e, dentre as quais, o transmissor foi obrigado a escolher.
7) No caso de uma mensagem de n elementos, inseridos num repertório de n símbolos com a probabilidade de .incidência p1, a informação H é, em "bits": H = -n∑p1log2p1
8) Para um dado número de símbolos, a informação apresenta seu rendimento máximo Hm se a estrutura da "linguagem", definida por esse repertório de símbolos, se utilizada pelo canal transmissor eventualmente o indivíduo - é tal que cada símbolo possui uma idêntica probabilidade de ocorrência (símbolos equiprováveis).
9) A informação é, daí, uma quantidade essencialmente diferente da signijicação e independente dessa: uma mensagem com um máximo de informação pode aparecer desprovida de sentido se o indivíduo não é capaz de decodificá-la a fim de conduzi-la a uma forma inteligível. De modo geral, a inteligibilidade varia no sentido inverso da informação.
10) A informação é, de fato, uma medida da complexidade dos patterns propostos pela percepção. Complexidade e informação de uma estrutura, de uma forma ou de uma mensagem, são sinônimos.
11) Chama-se redundância à quantidade I - H /Hm, exprimindo (percentualmente) o que está dito em excesso na mensagem, o desperdício de símbolos acarretado por uma codificação defeituosa (a partir do estrito ponto de vista do rendimento da transmissão pelo mesmo na medida em que ele nos interessa). Essa redundância fornece uma garantia contra os erros da transmissão, porque ela permite reconstituir a mensagem a partir do conhecimento que o receptor possui a priori sobre a estrutura da linguagem na qual ela é transmitida, mesmo se os elementos são defeituosos.
12) Redundância e informação, propiciadas por um determinado tipo de mensagem, são, por definição, independentes da extração particular da mensagem escolhida, mas dependem do conjunto de conhecimentos comuns ao receptor e ao transmissor, introduzindo, assim, na idéia de uma informação diferencial - pelo menos no caso dos receptores humanos.
13) É sempre possível definir um receptor médio, de acordo com o mesmo método que emprega a psicologia para definir as características normais do indivíduo, mas com uma validez maior e isso consumido de maneira ainda melhor porque a teoria toma em consideração as aptidões (conhecimento básico de uma linguagem, de um sistema de pensamento etc.) mais elementares.

Microanálise da estrutura da mensagem

1) A psicologia apresenta dois grupos de teorias da percepção: a) as teorias integrais, derivadas da noção de forma; b) as teorias da exploração, que se apóiam firmemente na psicofisiologia experimental.
2) A Teoria da Informação, considerando o indivíduo como um tipo particular de receptor, propõe uma síntese de ambas as teorias da percepção: admite que, na presença do presente, o receptor humano não é capaz de apreender de modo integral, como forma, senão um número máximo de elementos de informação. Se a mensagem comporta um numero superior, ou o receptor despreza esse excedente ou então processa uma exploração do campo: os dois se produzem durante a leitura, quando o olho apenas fixa alguns pontos em cada linha.
3) Deve-se considerar como uma das características fundamentais do receptor humano a existência de um limite máximo do débit total da informação perceptível. Quando esse total máximo é ultrapassado, com a análise de critérios resultantes de uma experiência anterior, o indivíduo, na mensagem que lhe é proposta, selecionafarmas que são abstrações, etapas elementares da inteligibilidade. Se esses critérios lhe falham, o indivíduo fica submerso, suplantado pela originalidade da mensagem, e se desinteressa.
4) A mensagem mais difícil de transmitir é aquela que não comporta nenhuma redundância (informação máxima), isso é, nenhuma forma apriorística. Trata-se daquela mensagem da qual, ao mesmo tempo, torna-se mais fácil dar uma imagem aproximada e mais difícil para daí extrair uma imagem exata: é a mais frágil de todas as mensagens. É interessante observar que é a mensagem mais desprovida de valor estético - ao mesmo tempo que de significação a priori.
5) As estruturas são equivalentes às formas mentais. Quanto mais uma mensagem é estruturada, mais ela é inteligível, mais ela é redundante e mais decresce a sua originalidade.
6) A noção de formas concebidas aprioristicamente envolve aquela de símbolos. Os símbolos consistem em agrupamentos de elementos já conhecidos. O estudo das estruturas do espírito permanece então vinculado a uma simbologia experimental.
7) Toda forma constitui a expressão de uma previsibilidade aleatória, medida por uma grande coerência, ou, mais precisamente, por uma autocorrelação da sequencia de elementos com ela própria; para ser percebida, requer, funcionalmente, a existência de uma memória no organismo receptor.
8) Uma das formas temporais das mais elementares é a periodicidade, que deve ser encarada, não como uma propriedade abstraia e absoluta, mas como uma propriedade métrica e contigente. Deve ser abordada de acordo com a fenomenologia da percepção.
9) No domínio sonoro, a periodicidade é apenas numa cadeia superior à espessura do presente e inferior ao limite de saturação da percepção de durações. A periodicidade física do som não importa para a percepção, que a considera como um material contínuo (Kiangstoff) e somente é sensível às suas variações.
10) A percepção de periodicidade é, na realidade, uma previsão inconsciente e imediata do organismo receptor – de que ele saberá o que vai acontecer em seguida, a partir do que aconteceu no passado, previsão a repousar sobre uma esperança matemática que é, precisamente, o grau de periodicidade ou de coerência de um fenômeno.
11) De fato, essa previsão do futuro, fundada no passado, é consumada pelo espírito humano na base de um mostruário bem mais frágil que aquele que a lógica matemática consentiria em admitir. Na realidade - quer dizer, aparentemente - existe a percepção de um grau de periodicidade, por frágil que seja, desde que exista a espera de um acontecimento ulterior análogo a esses que já se produziram.
12) A continuidade que exprime uma forma consiste apenas num aspecto da periodicidade: ela é também previsão do seguinte a partir do antecedente e é possível fazer aplicações nos domínios sonoros e visuais.
Condições arbitrariamente simplificadas, extraídos os conceitos de perturbação (mensagens percebidas em condições ideais, quando a atenção do receptor é supostamente perfeita e a percepção integral) e oposição entre forma e fundo.
Termos colocados em circulação pela nova estética – a Teoria da Informação:

Mensagem – forma – estrutura – elemento – receptor – transmissorcanal – quantidade – informação – originalidade – codificação – repertório – símbolo – rendimento – percepção - redundância
Função do prazo Γ = ƒ valor médio a produto da função ft (t = elemento da mensagem no tempo t) e sua dimensão xf(t+ Γ) representando o elemento no tempo futuro e dΓ
Z = espaço Z = prazo do espaço
Whitehead: filosofia é a crítica de abstrações que governam determinados modos de pensamento.

Memória

1) As funções agrupadas sob a denominação genérica de "memória" comportam, e acordo com a sua extensão temporal: a) uma duração instantânea da percepção (0, 1s) da material temporal; b) uma memória imediata dentro da extensão da duração (1 a 10s), necessária à percepção das estruturas temporais; c) uma memória de longo transcorrer, aleatória, voluntária, fisiologicamente não datada.
2) A criação de símbolos é efetuada pela memória, mediante a associação do conjunto de percepções elementares, provenientes de um conjunto de sensações elementares, a um só ou a um número reduzido dessas sensações que tomam o valor de um símbolo: trata-se de uma redução de um mínimo de elementos - resultantes da repetição frequente de um microgrupo de sensações elementares.
3) A memória é um fenômeno aleatório, resultando de uma destruição estatística dos elementos da percepção. As estruturas mentais que ela constrói possuem, daí, também, um caráter aleatório. 

O grau zero do escreviver
01/01/2000

 
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