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A fina flor da poesia no cardápio de Grünewald

Por Carlos Ávila

A fina flor da poesia romântica, poemas da era vitoriana e pré-simbolistas - é este o cardápio de iguarias poéticas que José Lino Grunewald nos apresenta no livro "Grandes Poetas da Língua Inglesa do Século XIX" (Editora Nova Fronteira, RJ, 1988). Incluída na coleção "Poesia de Todos os Tempos", a antologia organizada e traduzida por Grunewald reúne os maiores poetas que escreveram "in english" no século passado: Wordsworth e Coleridge (os autores das Lyrical Ballads, iniciadores do romantismo na Inglaterra); Byron e Shelley, os mais lidos por aqui e que influenciaram os nossos românticos; o grande Keats, considerado por Otto Maria Carpeaux o maior artesão da língua inglesa depois de Shakespeare; o genial Poe, um semiótico "avant la lettre": Edward Fitzgerald, o tradutor/introdutor do Rubáiyát de Ommar Khayyám no Ocidente; Edward Lear e Lewis CarrtJll: autores ambos de versos satíricos e "nonsense"; a sensível e sintética Ernily Dickinson, responsável por uma revolução serena da expressão poética; o pré-breat Walt Whitman, autor de versos livres e longos como versículos bíblicos, cantor de uma América democrática e despreconceituosa. Os outros poetas incluídos na antologia de Grünewald são pouquíssimo lidos ou traduzidos no Brasil: o escocês Walter Scott; os ingleses Landor, Elizabeth Barrett Browning, Tennyson, Robert Browning, Mathew Arnold, Dant Gabriel Rosseti, Christina Rosseti, Swinbum, Thomas Hardy e Hopkins; os norte-americanos Emerson e Longfellow.


Como se pode perceber, José Lino Grunewald - competente e experimentado tradutor, responsável pelo monumento que é a transposição dos "Cantos" de Pound para o português - montou um panorama da melhor poesia de língua inglesa do Século XIX prestando um trabalho inestimável ao nosso país, eliminando uma defasagem informacional de anos. Alguns dos autores incluídos na sua antologia nunca foram lidos, em tradução ou não, entre nós. Só esté fato justificaria o livro. Mas é preciso acrescentar também que não estamos diante de meras traduções mas de "traições" criativas onde, segundo o próprio Grünewald, "é sempre preferível o sacrifício da identidade semântica do que o sacrifício da rima, de uma tese ou de qualquer outro mecanismo de efeito". Por exemplo: o belo verso inicial de uma quadra de Landor - "I strove with none, for none was worth my ''strife" (literalmente: eu lutei com nada, e nada valia a minha luta) - o tradutor transformou no sonoro e fluente ''Lutei com nada e nada valia a lida'', possibilitando a rima desta última palavra com "vida" no terceiro verso. (No original "strife" - aliteração de "strove" - rima com "life"). Mas este não é apenas um simples exemplo do processo empregado por Grünewald mas também um exemplo feliz pois, além da estrutura, foi mantida a identidade semântica: êxito total. Foi com este cuidado de artesão que Grunewald trabalhou no jogo de perde-ganha que toda tradução implica.


Pedras de toque

Aqui vão alguns belos versos (no original e na tradução de JLG) pinçados ao acaso da antologia ''Grandes Poetas da Língua Inglesa'':

"Eternal Spirit of chainless Mind!"
(Alma eterna da mente sem cadeias!) - Byron

"Nothing in the world is single"
(Nada no mundo é singular) - Shelley

"Is miust die
Like a sick eagle looking at the sky"
(Terei final
Como águia enferma a contemplar o céu.) - Keats

"And utter all myself into the air"
(A inteira moldo a mim no interior do ar) - Elizabeth Brownning

"A Sonnet is a moment's monument"
(Soneto é um monumento do momento) - Dante Gabriel Rosseti

"I died for Beauty"
(Eu morri por beleza) - Emily Dickinson

''I wake and feel the fell of dark''
(Acordo e sinto a queda escura) - Hopkins

Caderno de Cultura
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